Esses dias, avancei o expediente e lá pelas tantas da noite,
ainda na empresa, me chamou ao celular o Moreira, um ex-colega de serviço. De
cara, o Moreira soltou aquela... “estou dando uma consultoria..., meu
cliente..., estamos num projeto..., os caras gostaram da idéia...” e,
resumindo, o Moreira estava desempregado. Virou consultor. Antigamente a gente
fazia bico, mas hoje o troço é mais refinado, desempregado chic que se preza,
presta consultoria.
Desde
quando o conheci, há quase vinte anos, o Moreira sempre lidou com entregas, foi
chefe de expedição, gerente de centro de distribuição e, até pouco antes de
“virar consultor” era diretor de planejamento e logística da Albracom.
Falante
e arrojado, manteve a linha; “Estou preparando um Plano de Marketing para o
pessoal da empresa...” e citou o tal cliente. “Quero provar a eles que vai
faltar alumínio no mundo em 2030”. Captei
a mensagem, eu estava falando verdadeiramente com um homem de marketing, e dos
bons! Papo vai, papo vem, o que o Moreira queria mesmo era uns gráficos da
evolução do mercado do alumínio para compor a proposta de trabalho. Acabei
enviando por e-mail e, parte desta história termina aqui.
Se
vai faltar ou não alumínio, daqui a doze anos, é uma coisa difícil de prever,
mas aí recorro aos ensinamentos do mestre Whitney Young Jr 1921 – 1971, “Melhor
estar preparado para uma oportunidade e não ter nenhuma, do que ter uma e não
estar preparado”.
Eu
arriscaria o palpite que o alumínio é um material que pode ser empregado em
praticamente tudo que existe no universo dos produtos manufaturados. Seja como
matéria-prima básica, acessório, componente secundário ou substância de reação
permanente ou transitória, o alumínio tem e terá espaço garantido não só nos
produtos atualmente existentes, mas principalmente em boa parte de “coisas” que
ainda serão inventadas. O
que pouca gente se dá conta, é que outras estruturas, como os polímeros, a
madeira, fibra, aço e vidro poderão e deverão ocupar espaços simultâneos, cada
vez mais unidos como elementos complementares, principalmente no campo da
inovação tecnológica.
Historicamente,
talvez o grande erro estratégico do alumínio seja exatamente a persistência esdrúxula
de tentar resolver tudo. O alumínio trabalha bem e trabalha melhor acompanhado,
do que sozinho. Penso
que já deveríamos ir nos acostumando com a realidade de abandonar idéias
fundamentalistas, como as repetidas e frustradas tentativas de legislar em
causa própria, propondo leis que obriguem o uso do alumínio nisso ou naquilo. O alumínio precisa
ser suficientemente capaz de se firmar como material cujas características
justifiquem por si mesmo, sua aplicação. Talvez tenha que, aos olhos do
mercado, atravessar fases nesta sequência: Viável, alternativo, adequado, ideal
e único ou exclusivo. Poderíamos
até admitir a hipótese que das aplicações e usos que hoje vemos como sólidas,
estáveis e inovadoras, muito brevemente serão inviáveis com o alumínio e,
outras que julgamos improváveis, talvez se tornem tremendos e rentáveis nichos
para o alumínio.
Encontrar
o caminho certo ou ideal é o principal objetivo de qualquer organização moderna
e solidamente estruturada. Não é uma tarefa simples e exige dos envolvidos
comportamentos diferentes daqueles que estamos acostumados a ver. Existe
mercado para todos, mas o sucesso está reservado aos entusiastas, melhor
preparados e aos mais resistentes. Ou seja, o sucesso é para poucs.
Sinceramente
não sei como meu amigo Moreira, agora Consultor de Marketing, vai conseguir
provar sua tese sobre a falta de alumínio para 2030, mas pelo sim ou pelo não,
prefiro não apostar com ele.
Comentários
Postar um comentário