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O BOM LÍDER SE MOSTRA QUANDO ESTÁ AUSENTE



Certa vez eu fui entrevistar um candidato para a vaga de supervisor em nossa unidade matriz, em Marília, SP. Isso aconteceu lá pelos idos de 1995, já faz um bocado de tempo. Na verdade o candidato veio até nosso escritório.


Após conhecer o rapaz, ali nas formalidades do encontro, chequei a ficha que o RH havia me passado e observei que ele ainda estava empregado, e lá com meus botões, resolvi dá uma apertada, tipo “canelada” de início de jogo só pra ganhar respeito do adversário. Começo de conversa bem “sem noção”, tipo aloprado mesmo. Vou tentar reproduzir aquele diálogo:



  

“Você está empregado meu jovem?”
“Sim senhor, estou empregado.”
Você não devia estar trabalhando agora?”
“Sim senhor, e estou trabalhando, só dei uma saidinha para cuidar dessa entrevista”.
“E a sua equipe?”. 
“A minha equipe não depende de mim, eles sabem o que fazer...  Eu avisei que estaria fora por algumas horas... Deixei um colega que estou treinando para encarregado de sobre aviso, e além disso avisei meu padrão que ia cuidar de um assunto pessoal.”
Cada um fará uma interpretação própria dessa passagem. Mas uma das lições que podemos tirar, é: Você não precisa estar presente para mostrar que é um bom gerente. Às vezes, o bom líder se revela quando está ausente. É pelos rastros de qualidade que se mede e quantifica o potencial da liderança.

A  QUESTÃO  DA  INCOMPETÊNCIA  HUMANA

Em seu livro “Todo Mundo é Incompetente, Inclusive Você” (esse é o título) Laurence J. Peter e Raymond Hull (1969), do original “The Peter Principle”, quando descreve sobre a Patologia do Sucesso, deixa bastante claro esta questão: Incompetente, sim! Incapaz não! O autor aborda o conceito de estar incompetente, o que ele chama de princípios de Peter. A obra propõe que a incompetência é apenas uma competência não trabalhada. E que a plena competência (sem trocadilhos) é o estágio onde a pessoa não tem mais para onde evoluir, portanto torna-se incompetente naquela matéria, ou arte, função, etc.

Para ilustrar melhor a questão da incompetência, vou compartilhar um fato que aconteceu já a algum tempo, quando eu ainda era funcionário de uma empresa no interior de São Paulo. Havia ganho uma passagem para um Feira de Milão. Estudava na FACCAS em Sorocaba, um professor sorteou duas franquias de viagem, e eu ganhei uma. Era minha segunda oportunidade de viajar para fora do país. Sortudo, no dia seguinte fui correndo contar pro meu gerente que surgira a oportunidade para visitar a Ipac-Ima Fiera de Milano 1990 (naquele tempo, a Meca das Embalagens). Entrei na “sala do home”, falei, contei, tentei mostrar, ri sozinho, e coisa e tal... E pedi uns dias de licença para a viagem. Esse papo ocorria quase seis meses antes do evento. Mas a conversa durou pouco, aliás, nem começou, e Sr. Ernesto (vamos chamar assim) já encerrou a prosa ali mesmo. “Que bom, parabéns, que sorte heim! Olha, a empresa não vai liberar por duas semanas, é difícil, eles não vão aceitar, vc vai ter que trocar pelas férias... vamos ver...”

Ora bolas, sou e já era na época, design de produtos, gráfico e industrial, portanto perder aquilo era impensável, uma hipótese nula. Viajar para Europa há 30 anos atrás não era tão fácil e simples como é hoje. Por outro caminho, menos penoso e lúdico, consegui a liberação e até livrei uma grana para a viagem. Mas desse episódio, trago um outro exemplo que adere à proposta do nosso texto, que trata de duas características humanas frequentes; Negatividade e Ociosidade. Concluindo, aquele meu gerente era competente, mas por ser negativo era incapaz de produzir efeito motivador.

E para estabelecer uma conexão coerente entre os dois temas acima, recorro ao também brilhante palestrante e escritor, Prof. Wilson  Milleris que tem uma definição própria, a qual sugere a reflexão para um líder: “O líder pode até ser incompetente, mas negativo nunca!”


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